História da colonização Alemã no Brasil

 

O governo brasileiro, convencido dos benefícios da imigração, enviou em 1822 à Europa o major Georg Anton von Schäffer para de recrutar interessados em emigrarem para o Brasil. Para convencer os interessados, o governo brasileiro acenou com uma série de vantagens:

  1. Passagem à custa do governo;
  2. Concessão gratuita de um lote de terra de 78 hectares;
  3. Subsidio diário de um franco ou 160 réis a cada colono no primeiro ano e metade no segundo;
  4. Certa quantidade de bois, vacas, cavalos, porcos e galinhas, na porção do numero de pessoas de cada família;

Em 18 de julho de 1824 chegou a Porto Alegre a primeira leva de 39 imigrantes alemães, depois de passarem pelo Rio de Janeiro, onde eram recebidos e distribuídos pelo Monsenhor Miranda. Foram então enviados para a desativada Real Feitoria do Linho Cânhamo, localizada à margem esquerda do Rio dos Sinos, onde chegaram em 25 de Julho de 1824.

A seguir foram chegando outras levas e foi tentada a criação das colônias de Três Forquilhas e São Pedro de Alcântara das Torres, com pouco sucesso.

 

Mapa mostrando a dispersão das colônias alemãs no Sul do Brasil em 1905.

Os primeiros colonos vieram de Holstein, Hamburgo, Mecklemburgo e Hanôver. Depois, passaram a predominar os oriundos de Hunsrück e do Palatinado. Além desses, vieram da Pomerânia, Vestfália e de Württemberg.[1]

Entre 1824 e 1830 entraram no Rio Grande do Sul 5350 alemães. Por problemas políticos e depois por causa da Revolução Farroupilha a imigração ficou interrompida entre 1830 e 1844. Reiniciada a imigração, entre 1844 e 1850 chegaram mais dez mil imigrantes, e entre 1860 e 1889 outros dez mil. Entre 1890 e 1914 chegaram mais 17 mil alemães.

Os alemães inicialmente ocuparam o vale do Rio do Sinos, durante a Revolução Farroupilha alguns se deslocaram para Santa Maria, buscando se afastar dos combates[2]. Depois de terminada a Revolução, os colonos se espalharam fundando colônias nos vales dos rios Taquari, Pardo e Pardinho, fundando Santa Cruz do Sul, a Colônia Santo Ângelo e a Colônia de Santa Maria do Mundo Novo. Às margens da Lagoa dos Patos fundaram São Lourenço do Sul.

Com a Proclamação da República no Brasil, as terras devolutas passaram para os estados, assim como a responsabilidade pela colonização. No Rio Grande do Sul, o governo positivista defendeu a imigração espontânea e a colonização particular. Rapidamente, o planalto gaúcho foi transformada em zona colonial, com a instalação das colônias novas de iniciativa pública e privada, atraídas pelas possibilidades de exploração do comércio de terras e pela obtenção de lucros fáceis[3].

A fronteira da colonização, no início do século XX chegou ao noroeste do estado, criando Ijuí, Santa Rosa, entre outras, para logo depois atravessar o Rio Uruguai e migrar para o oeste de Santa Catarina e Paraná, além de colônias no norte da Argentina e no Paraguai.

Passada a Segunda Guerra Mundial a quantidade de imigrantes diminuiu muito, até se extinguir. A última colônia formada foi de um grupo de famílias menonitas que tendo emigrado para Santa Catarina na década de 1930, migraram para o Rio Grande do Sul, fixando-se ao sul de Bagé entre 1949 e 1951.  

 

Imprensa e literatura alemã no Rio Grande do Sul

Para atender as necessidades de leitura e educação dos colonos logo foi criada uma imprensa local. A primeira obra que se tem notícia foi a cartilha, para estudantes, Neuestes ABC Buchstabier und Lesebuch, impressa em 1832 na gráfica de Claude Dubreuil em Porto Alegre.

Em 1836 surgiu O Colono Alemão publicado por Hermann von Salisch, fazendo propaganda da causa farroupilha aos colonos alemães, apesar dos planos de ser bilingue, foi publicado somente em português, provavelmente por falta de uma gráfica com tipos góticos.

O primeiro jornal em língua alemã foi Der Kolonist, que surgiu em Porto Alegre, em 1852. No final do século XIX a imprensa alemã já estava bem desenvolvida, com vários jornais, que se digladiavam entre si e competiam pelos leitores, como o Deutsche Zeitung, Deutsches Volksblatt e Deutsche Post.